A busca por diagnósticos rápidos na medicina veterinária está em ampla expansão. Assim, os exames laboratoriais já figuram no dia a dia das Clínicas e Hospitais como algo imprescindível para o bom exercício da profissão.Porém, a necessidade de exames mais ágeis não pode comprometer a qualidade e a precisão das análises. Existe uma diferença enorme entre um HEMOGRAMA – realizado por um Médico Veterinário Patologista Clínico ou Hematologista Veterinário e um exame gerado por uma máquina sem qualquer análise qualitativa – seja análise pré-analítica- seja na execução do hemograma (LEITURA DAS LÂMINAS), seja na fase pós-analítica – interpretação dos achados.
Existe muita diferença entre os resultados destes maquinogramas e de Hemogramas realizados por especialista. Obviamente, quem comercializa estas máquinas sempre irá dizer que é a mesma coisa, mas aqui entra o discernimento e o olhar científico de pesquisadores. Bom, caros colegas, se fosse a mesma coisa não existiria a Profissão de Patologista Clínico ou de Hematologista – profissionais que estudam para analisar cada hemograma de forma única. Hemogramas felinos, por exemplo, jamais podem ser liberados apenas por leitura de máquinas – as particularidades encontradas na leitura das lâminas em felinos são inúmeras e fundamentais para o laudo final. Um Hemograma com problemas na coleta não será devidamente analisado pela máquina e o laudo poderá ter interferências nas análises, o que pode trazer sérias consequências para o diagnóstico clínico veterinário. Visando esta segurança, os laboratórios veterinários investem cada vez mais em novas tecnologias, como aparelhos com softwares calibrados para análises das diferentes espécies e tendo, ainda, a presença de um médico veterinário hematologista como responsável técnico para a leitura de cada lâmina. Este é o profissional qualificado que conhece as particularidades das diversas espécies e assegura a qualidade do exame.
Pesquisadores veterinários conseguiram definir os parâmetros fisiológicos laboratoriais, não somente nas espécies domésticas, mas também em animais silvestres, onde cada uma delas possui características próprias e diferenças que só um laboratório com médicos veterinários capacitados pode perceber e, assim, gerar o laudo correto para a espécie pesquisada. O Hematologista Veterinário é o garantidor da Qualidade do Produto final – o laudo – que será referência para a tomada de decisões pelo Clínico.
A contagem diferencial de leucócitos difere entre espécies e é fornecida pela análise conjunta dos equipamentos automatizados e pela leitura do esfregaço corado pelos Hematologistas veterinários, que avaliam as diferentes formas leucocitárias e as expressam de forma relativa e absoluta. Os neutrófilos carregam consigo informações valiosas como alterações tóxicas/corpúsculos de Dohlle. Os Linfócitos também carregam informações que a máquina não fornece, como a reatividade por estímulo antigênico, atipias devido à processos neoplásicos ou hemoparasitas Ex. Erliquiose). A avaliação microscópica é essencial para detectar a presença de bastonetes (desvio à esquerda) e informações importantes que a Lâmina pode conter, como por exemplo, presença de hemoparasitas (Anaplasma sp, Babesia sp e Erlichia canis) e corpúsculos de Lenz. Tais achados são encontrados apenas com a análise das lâminas, o que reforça a necessidade de um médico veterinário devidamente capacitado para reconhecê-los e descrevê-los em seu laudo.
Mediante todas essas informações e das particularidades entre espécies, conclui-se claramente que a leitura das lâminas e a análise e acompanhamento de um Médico Veterinário Hematologista ou Patologista Clinico é fundamental e imprescindível. Exames de máquinas, sem nenhuma análise por parte de médicos veterinários, são aceitáveis nas emergências – mas na rotina sempre devemos prezar pela excelência na qualidade de resultado deste importante exame. #maquinanaofazhemograma!!
Dr Luiz Eduardo Ristow Dr Otávio Valério de Carvalho
MV-MM Diretor-Presidente MV-PhD – Diretor Técnico